E se?

E se envelhecer for uma glória? 
E se o tempo espelhado, gravado, inscrito sobre a superfície do nosso corpo for o mais notável testemunho do quanto vivemos? Do quanto fruímos, sofremos, rimos e amámos?

Para quê passar a vida a tentar manter intacta a juventude, quando o único modo de ela permanecer intocada é preterir o tempo em troca de uma eternidade que tudo consome?


domingo, 29 de agosto de 2010

Carta 8: A descoberta da inquietação

 [Nestes dias em que as florestas ardem, interminavelmente...]


I
Quando eu era miúda, uma pessoa, de quem recordo apenas o gosto com que abria os livros e nos lia estórias, leu um dia um texto que marcou para sempre o meu imaginário de floresta. Eu não sabia o nome do autor, nem o título da obra, mas nada disso importava. Aquela imagem de uma luz verde perfeita, de um lugar mágico, onde eram possíveis encontros poderosos e verdadeiros, morada de amigos e anões, mundo fabuloso onde as noites eram profundas e perigosas e os dias misteriosos e excitantes nunca mais me abandonou. Até hoje. Mesmo sem saber quem teria escrito aquela estória com a qual eu percebi que a literatura (mesmo que ainda não conhecesse a palavra) era a coisa mais mágica do mundo.

II
No ano lectivo de 1973-74, estava eu no ciclo preparatório e a disciplina de Moral e Religião era ainda obrigatória. Alguns colegas queixavam-se da matéria, triste e aborrecida. Na nossa turma, um professor pouco ortodoxo escolhera, contudo, um método infalível de nos apaixonar e inquietar. Em vez de nos oferecer mandamentos e imperativos, deu-nos a ler um livro pequenino, de capa branca com ondas azuis, onde se podia ler “Contos Exemplares”. A autora tinha um nome cheio de consoantes. Chamava-se Sophia de Mello Breyner Andresen. Pensei que era estrangeira. Mas pensei nisso muito pouco. E dediquei-me a ler o livro. Nas aulas, lemos e discutimos sobretudo um dos contos. Chamava-se “A viagem” e com ele eu descobri que a literatura (então já tinha ouvido a palavra mas ainda não a entendia bem) podia também ser muito inquietante. Desde esses dias, nunca mais deixei de saber onde estava esse livro. E voltei a ele muitas vezes.

III
Num dia incerto da minha adolescência, a minha irmã chegou a casa com um texto que achara lindíssimo. Tinham-no lido na escola e ela vinha partilhá-lo comigo. Falava de uma Vanina, de Veneza e de um amor com um homem com nome de vento. Ou de vela enfunada. Guidobaldo. Ficámos ambas maravilhadas. E quando eu vi o nome da autora, fiquei muito surpreendida: era a mesma escritora do meu livro inquietante, do meu livro de tantas leituras.
Como podem imaginar, na seguinte Feira do Livro, comprei todos os livros dessa escritora que constavam da edição Fiqueirinhas. O primeiro que li foi “O Cavaleiro da Dinamarca”, para reencontrar Vanina e o seu amor. Depois, “A Fada Oriana”, e por aí fora, até esse misterioso livro que tinha um título que mexia comigo ao ponto de eu ter receio de o ler. Chamava-se “A Floresta”. Quando finalmente o abri, foi como se reencontrasse um velho amigo, um rosto da minha infância que me tivesse sorrido como mais ninguém e do qual eu, por infeliz acidente, tivesse esquecido o nome. Ali estava, intacta e igual à minha memória, a floresta que sempre me fizera olhar com reverência as manchas verdes dos campos. E, com essa revelação, a descoberta de que aquela senhora de nome estrangeiro era, mais do que a Sophia tão conhecida dos cultos, a minha Sophia.

IV
Se os textos de Sophia fossem um tecido, seriam linho. Não só pelo branco, como pelo trabalho que se não vê, como pelas pregas que o tempo nele inscreve sem lhe tirar a nobreza. Sobretudo porque nele nada parece estar em desacordo com o mundo. Como nesta escrita sobre a floresta. Quando voltei a ler este livro depois de saber ser ela também a autora da minha floresta, toda a noção da luz se transfigurou para mim. Aqui, as palavras já não tinham um fundo de luz verde, mas eram ainda inteiras. Era a palavra despida e essencial, “solene e rigorosa” como o próprio verbo do Padre de Varzim de “O Jantar do Bispo”. Uma palavra também ela nua, um verbo despojado e por isso mesmo verdadeiro, tão próximo do linho que toda a escrita se tornava una com o mundo. Palavras tão justas e inteiras como a lua cheia, como o mais perfeito luar.
Sempre que as releio maravilho-me com a sua capacidade de adequar as palavras ao mundo, de as usar sem as gastar, mesmo quando as repete, fazendo-nos senti-las sempre intactas, nuas e essenciais como uma intocada manhã. Tudo isso só podia nascer de uma grande e humilde atenção ao mundo. Na vontade de celebrar o clamor da vida, o coração de todas as coisas, festejado no que sempre senti como um cristianismo primordial e também franciscano. Um cristianismo político. De cidadania e responsabilidade. Um humanismo.
Nos sete contos deste livro (Contos Exemplares), sempre escritos com a mesma contenção da palavra e de todas as formas, da composição concentrada nos parágrafos breves, onde nada mais consta para além do essencial, o assunto somos nós. Nós e a coragem de escolher, de parar, olhar, agir, pensar. E essa coragem afirma-se na atenção dada aos que do mundo nada têm, estando, porém, em tudo, a ele mais intimamente ligados. Nada temos, tudo temos, o tempo é apenas curto ou é muito grande a nossa pressa de chegar. Uma pressa que nos faz perder tudo, até a nós mesmos, como em “A Viagem”. Uma voragem que nos pode fazer ficar parecidos aos que vivem do vazio, ou de criar o vazio dos outros, o que é o mesmo, como em “O Retrato de Mónica”.
São sete contos. Sete como os dias da criação. E aqui está também o mundo. Tal como nós não ousamos desafiar, tal como nós preferimos usar como pretexto de queixa a revolucionar como vontade de mudança. Nos anos 60, e ainda agora. E em todas estas páginas, com todo o sentido do mundo, brotam as palavras que continuam a emocionar-me. A inquietar-me. Como no primeiro dia.

 [Este texto foi escrito a 7 de Março de 2004. Com grande pena minha, nunca consegui dizer a Sophia o quanto a sua escrita me foi e é preciosa.]







sábado, 28 de agosto de 2010

Carta 7: As férias grandes. III

A partir do momento em que aprendi a ler, a minha vida mudou. Não de um dia para o outro, é claro. Mas mudou, imperceptivelmente. Primeiro, foram as tentativas de escrever. Mais do que as cópias e os ditados, mais do que as redacções, o que foi importante foram as experiências a que hoje se chamaria, provavelmente, "criativas" mas que naquela altura, para mim, eram apenas jogos. Os primeiros jogos foram quadras. Era fácil rimar desde que as palavras terminassem em... "ar". Isso significava uma assustadora recorrerência a verbos da primeira conjugação e, sobretudo, a frases esquisitas, com o verbo no fim. Mas a diversão era a regra e, para mim, com 7 ou 8 anos, funcionava à maravilha.

Depois, foi a descoberta dos livros. Algumas estórias, mas, sobretudo, uns maravilhosos livros sobre os índios da América do Norte, sobre dinossauros, sobre a lua... O meu fascínio pelos dinossauros acabaria por desaparecer, mas o dos índios ficaria para sempre. Primeiro, porque um dia, ao ver um filme de cowboys, fiquei escandalizada com a brutalidade dos índios. E, no instante em que manifestei o meu choque, ouvi o meu pai dizer: "Sabes que eles estavam a defender a sua terra? Os brancos chegaram lá muito depois e roubaram-lhes as terras. Os índios é que são os verdadeiros americanos." Escusado será dizer que se tornaram para mim uma espécie de Viriatos lutando contra os romanos, e portanto nunca mais olhei para o John Wayne da mesma maneira. E quanto à lua? Bem, posso dizer que, não sei como nem porquê, mas sei sempre em que fase é que ela se encontra.

À parte os livros que havia lá por casa, sobretudo clássicos, quando acabei a quarta classe, o meu pai resolveu um dia iniciar-me em literatura para a minha idade. Lembro-me de ter entrado com ele numa papelaria/livraria em Almada e de ele ter pedido ao balcão (nesses anos, os livros ainda eram pedidos ao balcão, assim como quem vai hoje à farmácia e pergunta se há alguma coisa para as cãimbras) "uns livros aqui para a minha moça". A empregada veio de lá com dois volumes salteados dos Cinco. Se não me engano, eram "Os cinco e os contrabandistas" e "Os cinco e a ciganita".
Eu tinha 10 anos. Lembro-me de que, quando os folheei, fiquei inquieta com o facto de quase não haver bonecos. Tantas páginas! Mas ao fim do primeiro volume lido a uma velocidade que eu nunca pensara possível, o segundo, ainda invicto, já me sabia a pouco. Então, e depois? O que é que eu ia fazer?
A colecção completa foi uma consequência lógica e os 21 livros foram lidos e relidos vezes sem conta, ao longo da minha puberdade e adolescência... e ainda aos vinte e poucos anos. O meu favorito absoluto? "Os cinco voltam à ilha". Li-o mais de vinte vezes, quase o sabia de cor. Ainda hoje me lembro de a cozinheira Joana ter sido substituída por uma cozinheira horrível, com um marido de má catadura, e um filho chamado Edgar, que os "meus" amigos Zé, Ana, Júlio, David (e Tim) conheciam como o "estúpido garoto". Foram esses livros que me lançaram no prazer da leitura e, além disso, ainda me ajudaram a gostar de comer.
Acho que isso aconteceu a muita gente da minha geração. Graças a eles e a outras criações da genial Enid Blyton fiquei eu a dever o crescimento com o gosto da descoberta da comida. Mas também o prazer dos mistérios, do companheirismo, da aventura, das férias com os amigos. A propósito: acabei de reler (comprei para mim) os dois primeiros volumes das Gémeas em Santa Clara. E, sim, ainda foi uma festa!
Os livros passaram a ser os meus grandes companheiros nos longos meses das férias grandes e foi a partir dessa altura que eu deixei de poder sair de casa sem um livro na mala.
Entretanto, tinha chegado ao primeiro ano do ciclo. A escola deixou de ser no Seixal e passou a ser em Almada. E, na minha turma, nesse ano lectivo de 1973-1974, em que pela primeira vez na escola se haviam misturado, experimentalmente, raparigas e rapazes, havia um grande prazer partilhado: a leitura.
Os furos eram passados na biblioteca, lendo ao despique, a ver quem preenchia mais cartões de leitor e quem sabia mais estórias. Uns meses depois, a meio do segundo período, deu-se o 25 de Abril.
A emoção desse tempo foi medida por nós como uma oportunidade de escrevermos as nossas próprias estórias de mistério. Aos Cinco, aos Sete, juntámo-nos nós. Escolhendo sempre lugares diferentes, recantos sombrios da então chamada Escola Preparatória de D. António da Costa, em Almada, sempre que havia um furo já não era a biblioteca que nos chamava, mas esses espaços só nossos, onde o nosso grupo (primeiro de cinco e depois de sete elementos) se juntava para ler em conjunto as estórias escritas por nós.
As férias grandes tornaram-se, por essa altura, épocas em que apenas os livros me mantinham perto dos meus amigos. No Seixal, na rua da casa dos meus avós, os meus antigos companheiros de brincadeiras não liam esses livros. Fiquei sozinha com eles. E com uma outra coisa que entretanto passara a fazer parte de mim. A "mania" de escrever.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Carta 6: As férias grandes. II

Durante alguns anos, depois de Lagos, vinham as termas. Nas Caldas da Felgueira. Lá não havia praia, mas o Mondego passava muito perto, miudinho e terno. E era nas suas águas rumorosas que eu mergulhava os pés e andava, encantada, sobre calhaus brancos e polidos. O Mondego tornou-se, por isso, muito antes de Camões e dos fados de Coimbra, a par do Tejo, o rio da minha infância. Não o Mondego de Coimbra, já pujante e adulto, mas o rio pequenino cujas águas me bordejavam os tornozelos.
Das termas, lembro-me sobretudo do silêncio, do meu pai a chegar dos tratamentos à asma todo envolto em roupa e toalhões, mesmo sob o calor de Agosto, das horas das refeições no restaurante da pensão. Quando era pequena não gostava especialmente de comer. Gostava de algumas coisas, claro, mas não era uma criança com apetite, digamos de modo simples e sem entrar muito no campo das neuras que seguramente causei aos meus pais e aos meus avós... Mas sempre me encantou ver servir a comida. No restaurante da pensão havia ainda o hábito de servir a comida com duas colheres, presas entre três dedos da mão. Todos os empregados sabiam fazê-lo, mas havia um, um senhor mais velho, alto e magro (de acordo com a minha memória dos 5, 6 anos...) que o fazia com excepcional facilidade e elegância. Eu adorava olhar para as suas mãos, enquanto ia retirando os elementos da refeição de uma grande travessa que segurava sobre o braço esquerdo e os ia distribuindo pelos pratos: arroz, batatas, legumes, carne, peixe... o que fosse. No fim, o molho era sempre um momento especial, dispensado num gesto largo e certeiro...
Cá fora, a luz — menos branca do que em Lagos — e coada pelas árvores caía sobre nós apenas de manhã e ao final da tarde. Depois do almoço, com a excepção dos dias em que os meus pais se propunham passear, lembro-me sobretudo da obrigação da sesta, um hábito que então me irritava e que agora lamento ter-se perdido no tempo.
Ao fim da tarde, as senhoras sentadas à sombra conversavam enquanto faziam renda ou, nesse final de década, se dedicavam à elaborada técnica do macramé. Foi o triunfo dos sacos. Toda a gente fez os seus. Até os meus pais. Sim, os homens também eram envolvidos no processo, sempre que se precisava de maior força em alguns nós.
Dos serões lembro-me de pouco. Não havia passeios na avenida como em Lagos, nem idas à esplanada. Depois de algum tempo a passear nas cercanias ou na sala da pensão, eram horas de dormir.
As termas deixaram-me uma memória de inacção que, com o passar dos anos, se tornou sedutora e se transformou numa promessa de sossego, silêncio, paragem. O meu reino por umas termas!
Agora chamam-se SPAs e tornaram-se finas. Naquele tempo, o perfume que mais se sentia não tinha ares de cosmética, mas de saúde. Cheirava a água. E, sim, a água tem cheiro. Como tem gosto. Como tem alma. Quem não souber isso, nunca bebeu realmente um copo de água. O que é uma pena.

As nossas idas para as termas duraram alguns anos, mas depois os meus pais deixaram de ir e as férias grandes passaram a decorrer simplesmente em Lagos. Um mês inteirinho de praia! Para mim, era uma felicidade.
Com o passar dos anos, também, as memórias das Caldas da Felgueira tornaram-se mais nostálgicas. Mas, durante anos, muitos anos, não voltei.
O ano passado, a caminho de Gouveia, quando fui receber o Prémio Vergílio Ferreira, desligámos o gps e seguimos por uma estrada secundária. Sem saber exactamente onde estava, comecei a contar as minhas memórias da Serra da Estrela, do Mondego, de como lá brincava andando dentro de água sobre as pedras brancas, de como o rio corria perto da pensão, das termas. Contei que há muitos anos que lá não ia. E comentei que gostaria de lá voltar. Que era um sítio parecido com aquele onde estávamos. Que, de algum modo, aquele lugar que eu não sabia exactamente qual era, me parecia familiar. E, de repente, apareceu uma tabuleta: "Caldas da Felgueira". Eu nem queria acreditar. Passaram-se mais de trinta anos. Está tudo muito mudado. Mas, de repente, numa curva, lá voltei a ver o Mondego, pequenino e rumoroso, passando ainda tão miudinho como quando eu lá molhava os pés. Eu sei, como o velho grego, que aquele já não é o Mondego da minha infância. Mas, como diria o Pessoa, aquele é o Mondego da minha infância.
Os rios seguem-me, por onde eu ando, como eu sigo o mar, sempre que posso. Eles fazem parte da minha memória, do meu corpo, do meu tempo. Por isso, há uma frase que escrevi há mais de vinte anos e que, com alguma regularidade, reaparece noutros textos, noutros livros. O rio segue, segue sempre, sem parar.

domingo, 22 de agosto de 2010

Carta 5: As férias grandes. I

Apesar de gostar da escola, as férias eram sempre apetecidas. Em especial, claro está, as férias grandes, porque pareciam sempre a perder de vista. Lembro-me delas em vários momentos, e sempre associadas a apontamentos dos sentidos.
Cinco anos, Seixal. Em 1968 usavam-se cores fortes. Eu tinha uma mini-saia amarela, com um tecido texturado, que usava com uma blusa de linha. Nessa blusa, além do lilás vivo de base, havia linhas de um amarelo igualzinho ao da saia, e outras cor-de-laranja e verde alface. Era uma blusa divertida. A mistura das cores era fantástica e eu sentia-me mesmo feliz quando vestia aquela saia com aquela blusa. As cores pareciam prometer dias de brincadeira, solares e animados. Nesses dias, depois do almoço, havia sempre alguns momentos de silêncio. O calor da tarde subia nas ruas e nós ficávamos (as minhas amigas e eu) a brincar nas escadas das casas delas, aonde o sol não chegava e, por isso, estava mais fresco. Em cada degrau construíamos uma parte da casa: o quarto, a cozinha, a sala. Colocávamos os brinquedos em lugares estratégicos (sempre ao canto dos degraus, não fosse algum vizinho precisar de passar) e ali ficávamos enquanto o sol estava mais a pino. De vez em quando, o meu avô vinha à rua e deitava um balde de água sobre as pedras da calçada. O cheiro da terra molhada refrescava o ar e por momentos parecia que estávamos noutro sítio, todos os cheiros subjugados àquele mais forte. Ao fim da tarde, com o sol já mais deitado sobre o rio Judeu, a então vila ficava mais fresca. E nós saíamos para a rua, para brincar às escondidas, à cabra-cega, ao apanha, à macaca, saltar à corda... A rua já tinha mais gente e as cores começavam a alterar-se, porque a luz ia mudando, puxando um pouco a noite. Com sorte, jantávamos e vínhamos outra vez para a rua. Já com as luzes acesas, as brincadeiras tornavam-se ainda mais mágicas.
Outra memória de 1968, Seixal. Às vezes, ficava à tarde em casa, com a minha avó. Sobretudo quando ela estava a passar a ferro. Sempre associei o passar a ferro a um trabalho simultaneamente mágico (ela fazia aquilo com enorme perícia e todas as rugas da roupa desapareciam) a um esforço desmesurado e profundamente incomodativo. Quando eu tinha cinco anos, o ferro da minha avó era ainda antigo e muito pesado. Fazia um ruído forte ao ser pousado na base. E da roupa erguia-se um calor que, misturado com as bolhas de sol que entravam pela janela da sala, parecia tomar conta do ar e tornar tudo sufocante. A complicar essa sensação, um rádio roufenho ia tocando músicas opressivas: "Povo que lavas no rio" é uma das minhas memórias. "Que talhas com o teu machado, as tábuas do teu caixão"... O peso dessas músicas era tremendo. No meio da madeira escura dos móveis, do calor do ferro e dos jorros de sol, era impossível não sentir aquela actividade (de passar a ferro) uma espécie de condenação à tristeza, à sujeição. No meio dessas músicas pesadas, de vez em quando ouvia-se um êxito estrangeiro. Umas vozes de homem cantavam, em inglês, uma coisa incompreensível, mas que tinha um refrão que ficava no ouvido: "Ob-la-di, Ob-la-da". Nunca poderei agradecer a esses rapazes esses momentos de frescura que me davam, na minha infância, em pleno Verão.
Mais uma memória de 1968, Lagos. Quando, finalmente, os meus pais tinham férias, íamos para Lagos. Para mim, nesses anos, o Alentejo era um território equivalente ao Oeste Selvagem dos filmes americanos. Mesmo sem índios nem cowboys, era um lugar que eu considerava inóspito e que apenas constituía um obstáculo imenso, infindável, que se interpunha entre mim e Lagos. Com uma frequência que eu achava discreta mas que devia ser bastante incomodativa, ia perguntando o clássico "falta muito?".
Ao passar a ponte da ribeira de Odesseixe, que separa o Alentejo do Algarve, o meu pai lançava sempre uma buzinadela de saudação. A minha alegria subia de tom: tínhamos ultrapassado o Alentejo e estávamos, finalmente, no Algarve!
Quando, depois da serra, se avistava Bensafrim, eu já me sentia mais perto de casa. Não sei porquê, mas apesar de eu não ser exactamente de lugar nenhum (nasci em Lisboa, mas nunca lá vivi; vivi no Seixal até aos 15 anos, mas também não era de lá, como sempre me fizeram sentir; depois vim para Almada, mas também não é a minha terra...), foi sempre em Lagos que me senti verdadeiramente em casa. A chegada a Lagos era sempre uma festa.  Passávamos a entrada da cidade, e íamos seguindo para o centro. Dentro do carro, adensava-se o silêncio, como se quiséssemos chegar sem ser notados para melhor surpreender os meus avós. Subíamos a rua de S. Sebastião, esperando que nenhuma das minhas tias estivesse à janela. Na maior parte dos casos, não tínhamos essa sorte, porque havia sempre alguma delas que, esperando já a nossa chegada, espreitava a rua para nos ver chegar. Mas, de vez em quando, eu tinha uma aberta. Saía do carro, assim que o meu pai o estacionava, e precipitava-me para a porta, em passos de gato, só sossegando quando agarrava o batente em forma de mão fechada e o despedia, com força. Uma, duas, três vezes.
A luz inundava a cidade e batia em chapa na parede de cal da casa dos meus avós. Vinda, por fim, lá do fundo, dos lados da cozinha, ouvia-se uma voz, por vezes duas, e logo a porta era aberta.
As minhas memórias de Lagos têm muitos contornos e acumulam-se desde muito cedo. O perfume das estevas (uma memória poderosa que me faz, ainda hoje, abrir a janela do carro mal chego ao Algarve, para recuperar esse perfume), da cal, da terra, dos figos, do mar. A luz bailando sobre as ondas da Meia-Praia, na preia-mar. A água envolvendo-me os tornozelos enquanto me contorcia na apanha das condelipas. O abraço das águas quando nadava. O toque da areia fina e branca. E, dentro de casa, os cheiros da comida, o sabor das papas de milho, da sopa de feijão com massa, o ranger das cadeiras dos meus avós, o contraste de luz e sombra no pequeno jardim carregado de rosas e por onde passeava pequenos gatos esquivos.
O Verão era, assim, a perder de vista. Nesses anos, eu ainda me sentia feliz nessa imensidão.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Carta 4: Os instrumentos da escrita

Acho que as minhas primeiras letras foram desenhadas na areia da praia. Muito provavelmente, na Meia Praia, em Lagos. A minha mãe ia desenhando as letras e ia-me desafiando a uma decifração que tardava. Porque, apesar de eu ter muita pena de não saber ler (segundo me contou, muitos anos mais tarde, a minha avó materna, que era analfabeta e também não podia ajudar-me com as legendas dos filmes), a verdade é que não parecia demonstrar qualquer talento para a coisa. A minha mãe desenhava letras avulsas e depois sílabas e depois palavras pequenas e fáceis. Mas eu distraía-me e esquecia-me e ela exasperava. "Estúpida! Nunca hás-de aprender a ler!", desabafava ela. Sinceramente, não me lembro de nada disto. Portanto, não ficou qualquer trauma, pelo menos que me apoquente. Ela é que o recorda e, parece-me, com algum sentimento de culpa. Escusado, no entanto, porque o amor dos pais é, muitas vezes, apressado e quer ver resultados gloriosos nos filhos. O que raramente acontece, suspeito. Comigo, seguramente, e na qualidade de filha, não aconteceu.
Do que me lembro desses dias, é do prazer do contacto das mãos com a areia. Desenhar letras era um modo de desenhar, simplesmente. E de tirar um prazer táctil do mundo, ao mesmo tempo.
As letras seguintes vieram com a escola primária, para onde eu fui com uma intensa alegria. Pelo menos, é o que agora recordo. A minha primeira professora chamava-se Zélia, era alta e elegante e tinha o cabelo preto e os olhos azuis. Era uma algarvia de Loulé, que tinha três filhos e era tão rigorosa como doce. Um equilíbrio que nos levou a todas (digo todas, porque, nesse tempo, a nossa escola era a das miúdas. E éramos 44 numa sala) no fio das linhas e nos ensinou a ler e a escrever. Nesses anos, escrevia-se a caneta de tinta permanente e apurava-se a caligrafia em cadernos de duas linhas. Eu tinha uma relação de amor-ódio com esses instrumentos. Por um lado, a caneta deixava um rasto de brilho atrás de si. O azul profundo da tinta convidava por vezes mais à pintura do que à cópia. E as duas linhas do caderno, conduzindo a mão, lembravam que a escola era um sítio para trabalhar, não para brincar. Mas, ainda assim, o prazer acabava por se misturar na obrigação.

No segundo ano, a Professora Zélia foi-se embora porque alguns pais, mais dados ao rigor físico do que aos encantos da aprendizagem, fizeram queixa dela e calhou-nos depois uma herdeira dos métodos da Inquisição, que claramente gostava de torturar criancinhas e distribuía, com grande ligeireza e frequência, chapadões e ponteiradas. A caneta de tinta permanente tornou-se, por esses tempos, um reflexo penoso dos meus medos. As mãos jorravam água, constantemente. E a mão direita parecia que tinha mesmo uma ligação directa à torneira. As minhas folhas de caderno evidenciavam bem isso, com ondulações do papel e manchas de tinta. A caligrafia, que nunca fora das mais elegantes, transformou-se num retrato expressionista do pânico em que eu (como todas nós) vivia. Sempre que podia escrever a esferográfica, aliviava um pouco.
A única coisa boa dessa professora, em termos de escrita, foi, no terceiro ano, ter lançado uma proibição de começar as redacções por "era uma vez". Passado o susto inicial, lá consegui encontrar fórmulas alternativas: "Certo dia", "Um dia", "Numa ocasião", "Antigamente", "Há muito tempo"... Se o gesto não foi encorajado à descontração, pelo menos esse repto teve alguma coisa de libertador.

Durante anos, os meus instrumentos da escrita mantiveram-se esses: canetas e esferográficas. Em relação às primeiras, recordo uma prenda do meu avô Manuel, quando acabei a primeira classe: uma caneta de tinta permanente, verde escura. Com um belo apáro. Depois, tive outras. Muitas, porque são lindas e escrevem maravilhosamente. Mas essa é minha decana. Embora a minha preferida, pelo seu magnífico apáro e pelo design sem máculas, seja a Parker 21. Há uns anos, o meu pai deu-me a sua. É a jóia da minha ínfima colecção.

De preferência com cores diferentes e sempre muito próximas do desenho, da aguada, do sombreado. Durante algum tempo, até desenhei mais do que escrevi. Por não ter dinheiro para oferecer uma prenda de aniversário a um amigo, resolvi fazer-lhe um retrato a carvão. Descobri nessa altura que não apenas era capaz de o fazer, como passei a olhar para esse amigo de outra maneira. Essa descoberta de um outro tipo de escrita foi muito importante para mim. Durante anos, fiz os retratos de quase todos os meus amigos. Parecia que só os via bem depois de a minha mão lhes ter tomado os traços. Descobri que o desenho era a forma mais fiel de compreensão. A que revelava não apenas a cara do outro, mas, sobretudo, o modo como eu me apercebia da sua personalidade.
Mas, aos 20 e poucos anos, deixei de desenhar. Os instrumentos passaram, por isso, a ser apenas usados para o outro alfabeto. Entretanto, tinha entrado em cena, na minha vida, a máquina de escrever. Como instrumento, era muito cinematográfico. Imaginava-me, projectando-me no futuro, sentada a uma velha mesa, em frente à máquina, a escrever romances. À minha esquerda, abrindo-se sobre o horizonte, uma janela mostrava-me o mar. Escusado será dizer que essa minha casa era edificada sobre uma duna. Naturalmente, na Meia Praia. Inspirada nas casas que, pouco antes, aí se tinham erguido para os pescadores, eu antecipava uma vida com atmosferas húmidas e frias, rodeada de mar e livros. E com o barulho das teclas, pontuado pela campainha do final da linha.
O futuro não foi nada disso. E ainda bem, porque o sossego que então havia na Meia Praia desapareceu engulido pela voragem dos construtores. Mas, à parte o cenário, o próprio instrumento da escrita se tornou embirrante. As noitadas a passar trabalhos para a Faculdade mostraram-me o quanto a máquina era cansativa e rudimentar. Ainda pensei comprar uma nova; eléctrica e com memória. Mas, entretanto, vieram os computadores.
O meu primeiro contacto com esses "bichos" foi no CIAL, onde então dava aulas. Um dos directores da escola decidiu introduzir essa novidade e providenciar aos professores uma formação para a sua utilização. Nesse tempo de écrãs negros no qual surgiam uns símbolos verdes, nesse tempo de disquetes gelatinosas, eu achei o computador uma máquina incompreensível. Ao fim do dia, cansados das aulas e a ter aulas de informática, o resultado não podia ser brilhante. Continuei a escrever à máquina.
Em 1989, quando comecei a escrever para "O Jornal", apresentaram-me, então, um Macintosh. Gostei do nome e já achei o "bicho" muito menos críptico. Mas o meu contacto com ele foi então escasso. E continuei com a máquina de escrever e com os cadernos e as canetas.
Só em 1992, quando fui para o Público, é que percebi, realmente, as benesses dos computadores. Continuamos, claro está, a falar de um universo Mac. E, por isso, pela simplicidade da sua utilização, eu aderi de imediato. Comprei o meu próprio computador (um Mac Classic, pequenino e simpático, que ainda liga e funciona!!!) e arrumei definitivamente a máquina de escrever. Até porque, como maravilhosamente descreveu o José Cardoso Pires, o computador é uma máquina de apagar. Ora há lá coisa melhor?


O meu segundo portátil

Agora, 40 anos depois das primeiras letras na escola, a minha caligrafia está decididamente pelas ruas da amargura. Continua a ter a surpresa de, por vezes, as notas tomadas nos cadernos me sugerirem outras coisas, na modulação da palavra desenhada em liberdade. Tem uma graça relativa, é claro. Às vezes, é incompreensível. E, quando estou a trabalhar em ensaio, tenho um cuidado extra, nas citações, para não se tornarem ilegíveis depois. Ou criativas.
Por tudo isso, embora nunca saia de casa sem uma caneta e um caderno, 99% das vezes que escrevo faço-o directamente neste e com este outro instrumento. Depois imprimo, é claro, e corrijo no papel. Mas a escrita, a vários dedos, é mais rápida e acompanha mais fielmente o ritmo do pensamento.

O meu terceiro (e actual) portátil

O calo que se começou a formar no meu dedo médio da mão direita, há 40 anos, continua lá. Não desaparecerá, penso. Faz parte de mim. E, mesmo sem criar calos, o computador passou a funcionar, para mim, quase como as canetas de tinta permanente. O prazer que me dá o meu portátil, rápido e ergonómico, companheiro de aventuras e de canseiras, é parecido com o que me dá, ainda hoje, a Parker 21. É verdade que o teclado não se danifica se alguém, que não eu, o usar. (Criei fama de comichosa por não emprestar as minhas canetas. Os apáros não resistem a vários utilizadores). Mas é o meu instrumento de escrita. É meu. Só isso.

A propósito da entrevista da Ana Sousa Dias e de mais coisas...

Como já é público, o meu conhecimento sobre os homens é muito básico. Diria, para que fiquem todos igualmente contentes, que o meu conhecimento sobre as mulheres não é muito mais substancial. Na realidade, o humano, embora não me seja estranho no seu todo, mantém sobejos mistérios. Em ambos os géneros.
Contudo, parece que algumas pessoas são mais rápidas a catalogar e a arquivar (será que também a compreender?...permito-me duvidar) do que eu. 
Uma pequena história. No dia do lançamento da "Cartografia Íntima", e estando presentes no auditório da FNAC do Colombo algumas dezenas de convidados, entre os quais eu arriscaria uns 35 a 40% do género masculino, um senhor brindou uma amiga minha com uma pergunta em tom indignado: "Isto é uma coisa para fêmeas, não é?". A minha amiga ainda respondeu com toda a simplicidade: "Não, acho que é para todos." Mas ele, olhando em volta, sentenciou em tom definitivo: "Não. É uma coisa para fêmeas!". E saiu a toda a pressa. 

Pergunta: que saberá ele das "fêmeas" que nós desconhecemos?


A propósito destas escritas

Na pasta que tenho no computador sobre os cinco sentidos, há vários documentos sobre a possível organização deste projecto. Primeiro, quando tudo começou, como um conto. Depois, como um conjunto de cinco contos. Mais tarde, como um projecto de cinco romances.
No meio desta série de documentos, as minhas notas sobre a ordem de entrada em cena dos sentidos é um dos aspectos que mais me diverte. Porque tal como se altera substancialmente o modo como, a cada momento, tentei definir as personagens, as suas biografias e simbólicas, também a ordem dos livros vai variando.
Como é sabido, a escrita tem não apenas ritmos próprios, mas também exigências particulares. E no seu labirinto de fiação, as personagens acabam por nos largar a mão.
Lembro-me sempre de dois romances da Regina Louro ("Que pena ela não se chamar Maria" e a sua sequela "À sombra das altas torres do Bugio"), em que muito claramente a personagem central se solta e chega a intervir na narrativa, interpelando a escritora. Essa tentação — que outros já tiveram mas a que a Regina dá o seu inequívoco e alucinante e contagiante ritmo — surge, no processo da escrita, com mais frequência do que se poderia pensar. Se não a de colocar a personagem a falar connosco (no sentido de ser ela a iniciar esse "chat", como agora se poderia dizer), pelo menos a de entrarmos nós logo em diálogo com ela. Às vezes, até para a pôr no lugar...
Não estou a dizer que isso vá acontecer nestas estórias. Apenas quero com isso sublinhar o modo como as personagens se autonomizam das linhas com que, no início, traçamos o seu destino. Como nos obrigam a repensar a acção a cada página, a sopesar as palavras que dizem (será que esta personagem diria isto? nesta altura, isto poderia passar-se assim? como reagiria esta personagem ou aquela a esta situação particular?), as opções que fazem.
Parte do prazer da escrita é contar uma estória. No meu caso, não sendo uma verdadeira contadora de estórias, mas uma perguntadora, a escrita é mais do que um prazer: é uma necessidade, uma função vital. Não é por isso menos estranho verificar como uma função vital nossa pode ser "habitada" por decisões que parecem obedecer a uma lógica estranha a nós (o que é diferente de dizer "a uma lógica que nos é estranha").
Com a escrita (o tempo do seu processo), "o que podia ter sido e não foi" é progressivamente apagado da memória. Aliás, uma das funções que para mim tem o acto de escrever é não apenas interrogar-me sobre algumas questões que me interessam como libertar-me dos aspectos narrativos de que elas se revestem. Ou seja, é despojar-me delas; abrir outras portas. O esquecimento faz por isso parte do processo. Abrir estos documentos do que têm sido os vários projectos destes cinco sentidos é por isso um exercício de divertimento, estranheza, surpresa e, por vezes, alívio.
O tempo — e as leituras e reflexões que ele permite — é, sem dúvida, um poderoso aliado.
Lembrei-me disto hoje, porque estando a meio do segundo volume tenho várias encruzilhadas pela frente e fui abrir esses documentos a ver se aí encontrava ajuda. Não foi pior nem melhor. O que lá está já não faz sentido. Voltei a ficar sozinha com as personagens e as suas exigências. Logo se verá o que acontece. Como diz o Javier Marías: escrevo para saber como é que a estória vai acabar. Para mim, também é um bocado assim.

Para quem ainda não leu e quiser espreitar as primeiras páginas do livro...

...pode fazê-lo em:
http://www.scribd.com/doc/12970592/Emilia-Ferreira-Cartografia-Intima-Difel-2009

E mais uma impressão sobre o livro

"Desde já  gostei muito, muito do teu romance e sobretudo do tom discreto da tua escrita.

abraço amigo

_______ ZÉ MARTO"



Muito obrigada, Zé.

E ainda mais uma impressão sobre o livro

Como não encontrei maneira de escrever no teu blog sobre a Cartografia Íntima e acabei hoje de a ler, não quero deixar de te dar os parabéns e agradecer-te a partilha do teu olhar sobre este grande novelo no qual estamos todos envolvidos. Será mais um passo certamente para reflectirmos sobre como vamos (ou podemos) deixar a nossa pele e a dos outros, esta última quantas vezes esquecida.
Quando afinal fomos deixando penduradas linhas aqui e ali, umas por esquecimento, outras por distracção, outras nem nós sabemos bem porquê. O que temos que aproveitar são estes fios que nos unem e construir (agora que estamos mais velhinhos) laços dos quais nos lembremos sempre com alegria e amor.
Bjs
A. Barra
PS: A cidade será Lagos?

E mais outra

Olá Emília
tudo bem?Quero apenas dizer-te que adorei o teu livro, de coração e com a toda a sinceridade. Parabéns.É um tipo de escrita que gosto muito, essa de se brincar com as palavras para expõr a profundeza dos sentimentos. Na verdade revi-me em muito na vida de Helena e na forma como a vida se nos escreve na pele e nos marca o coração.Já o recomendei a algumas pessoas e vou oferecer a uma amiga minha minha ah! e obrigada pelo autógrafo.
bjs e fico a aguardar o próximo

Lurdes

Últimas e próximas

Afinal, a Feira do Livro correu muito bem.
Obrigada a todos os que apareceram. E também a todos os que não puderam ir. 


Amigos:

Depois de antecipar, como pior dos cenários, a minha solidão na torreira do sol da Feira, qual Lawrence no deserto (isto se nenhum de vocês lá fosse), comecei a antecipar a possibilidade de um número à Gene Kelly. No caso, Singing in the Rain. Talvez por receio do que isso fizesse pelo livro, fui aconselhada pelo meu editor a adiar a presença na Feira para o próximo domingo 17 de Maio.
Esperemos que o tempo nos deixe fechar a Feira em beleza.
Assim que souber a hora, digo alguma coisa.
 




Feira do Livro de Lisboa, Pavilhão da Difel.
Afinal, vai ser dia 9, às 17h00. Rain or shine. Contei com sol, mas parece que vai estar cinzento. Não faz mal. Lá estarei. Espero que passem por lá.  
Não se esqueçam!




Depois de uma breve conversa com a Ana Aranha, À volta dos Livros, na Antena 1, e de uma passagem pela Maratona da Leitura, na Fnac, no último dia 23, vem agora aí a Feira do Livro.
Em princípio, encontramo-nos dia 10 de Maio. Assim que souber a hora, digo-vos. Espero ver-vos por lá.